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Digital Health

2024: os maiores desafios e oportunidades para a Saúde

Chegados a 2024, antecipam-se transformações significativas no setor da saúde. Nos últimos anos, assistimos ao desenvolvimento tecnológico acelerado e o próximo promete não ser diferente. Há mais: os profissionais de saúde estão a assumir novas funções, uma nova onda fusões e aquisições está a reconfigurar o setor e as expectativas dos doentes requerem maior atenção à portabilidade dos dados.

Eduardo Freire Rodrigues

January 5, 2024 · 10 min de leitura

Apesar de séculos de aparente impermeabilidade, a área da saúde está agora em profunda metamorfose. Ao despedirmo-nos de 2023, é impossível ignorar o ChatGPT, modelo de linguagem baseado em deep learning  que foi desenvolvido pela OpenAI. Um ano depois de ter explodido no mercado, tem mais de 180 milhões de utilizadores, incluindo profissionais de saúde, e já está a mudar a prestação de cuidados - num setor que não é propriamente conhecido pela rápida adoção de tecnologia - ao mesmo tempo que se intensificam as dúvidas sobre as promessas e limitações da Inteligência Artificial (IA).
Neste artigo, exploro as tendências do setor, antecipo os temas que vão definir 2024 e deixo algumas questões para reflexão.

1.  A escassez de profissionais de saúde exige novas estratégias e soluções

A escassez de profissionais é um dos desafios mais prementes com que o setor se confronta. O diretor regional da Organização Mundial de Saúde para a Europa sublinhou que a crise de profissionais, outrora uma “preocupação iminente”, é hoje uma “realidade gritante”, deixando o setor perante uma necessidade extrema de ser reforçado. A declaração1 foi feita na sequência de um relatório que salientava a tendência para os próximos anos: mais de 40% dos médicos estão perto da idade da reforma num terço dos países da Europa e da Ásia Central,2 o que representa uma ameaça substancial para a sua sustentabilidade.
O envelhecimento da mão de obra na saúde já era um problema grave antes da pandemia de COVID-19, mas é ainda mais preocupante agora, dado o desgaste das equipas e os fatores demográficos que contribuem a redução da força de trabalho. Outra das principais conclusões do relatório é a fraca saúde mental dos profissionais. 
Da mesma forma, no Physician and Burnout Report 2023 da Medscape, 79% dos médicos afirmaram que a pandemia afetou, pelo menos “um pouco”, a sua felicidade no trabalho e na vida pessoal no último ano. Para os médicos, o principal fator que contribui para este cenário é o "excesso de tarefas burocráticas", seguido da "falta de respeito dos colegas de trabalho" e de "demasiadas horas de trabalho".
Em resposta a tais desafios, a tecnologia tem vindo a intervir. Assistentes virtuais, sistemas de suporte à decisão clínica, manutenção ou tradução de registos médicos, escrita e documentação são algumas das áreas mais desenvolvidas. Para além da substituição de tarefas, estamos a assistir a uma mudança de paradigma no que diz respeito ao papel dos profissionais de saúde, tal como detalhado mais adiante neste artigo.

2. Modelos de inteligência artificial e de modelos de linguagem preenchem o fosso

Os percursos automatizados de doentes, alimentados por algoritmos de ponta e sistemas orientados por IA, permitem simplificar a prestação de cuidados e torná-la mais eficiente. Estes avanços libertam o tempo dos profissionais de saúde, permitindo-lhes concentrarem-se em tarefas críticas, enquanto asseguram que os pacientes recebem cuidados atempados e personalizados.
Muito foi feito (e publicado) em 2023 neste campo. Desde um modelo de machine learning que prevê padrões de perda de peso após cirurgias bariátricas,3 até um algoritmo que prevê a necessidade de cuidados intensivos para os doentes.4 Além disso, uma ferramenta de processamento de linguagem foi capaz de identificar os determinantes sociais de doentes com Alzheimer e demência, utilizando registos médicos complexos,5 enquanto um estetoscópio "inteligente" atingiu 90% de precisão na identificação de insuficiência cardíaca,6 abrindo perspetivas de deteção precoce.
Dois estudos recentes7,8 destacam o potencial da IA para distinguir se os nódulos pulmonares detetados numa TAC são cancerígenos. Ambos compararam a sua técnica com modelo Brock, standard recomendado pela British Thoracic Society, e ambos previram o cancro com mais precisão. As conclusões sugerem que a IA pode ajudar os médicos a tomar decisões mais atempadas, melhorando potencialmente os resultados para os doentes.
Embora muitos outros exemplos pudessem ser aqui enumerados, vejamos dois ensaios clínicos, identificados pelos especialistas consultados pela revista Nature9 como dos mais promissores para 2024. No primeiro, um ensaio randomizado, que envolveu 150 000 pacientes de seis hospitais do Reino Unido, testou se IA aplicada às radiografias do tórax, assim que estas são tiradas, reduz o tempo até à realização de uma TAC e o tempo até ao diagnóstico. Os investigadores não só demonstraram que a comunicação imediata das radiografias reduziu significativamente – quase para metade - o tempo de diagnóstico, como lançaram uma nova hipótese: a IA pode identificar o cancro do pulmão mais cedo e reduzir o tempo de diagnóstico até 50%. O segundo é um ensaio clínico piloto prospetivo, multicêntrico, aleatório, que pretende avaliar a utilização de um modelo de IA para ajudar os médicos no serviço de urgência, prevendo o risco de mortalidade a 31 dias.

3. Novos papéis para os profissionais de saúde

A acompanhar o ritmo acelerado da transformação que a IA traz ao dia-a-dia, tanto dentro como fora do contexto hospitalar, surgiram questões sobre o futuro da medicina: pode a inteligência artificial substituir os médicos? Será o domínio desta tecnologia um fator diferenciador entre estes profissionais?
Sobre esta temática, um artigo publicado no jornal Digital Health10 realça o reforço que a IA traz à saúde. Sublinha que esta tecnologia foi concebida para melhorar a prestação de cuidados e não para substituir os médicos. Aponta a colaboração entre seres humanos e a inteligência artificial como chave para o sucesso, fundindo os pontos fortes cognitivos dos profissionais com as capacidades analíticas da IA. Em suma, os autores advogam que a adoção de uma abordagem "human-in-the-loop" (HITL) garante que os sistemas são dirigidos, comunicados e supervisionados por especialistas, mantendo, assim, os padrões de segurança e qualidade necessários.
Resumindo: há tarefas rotineiras e de baixo valor atribuídas a profissionais altamente qualificados e sobrecarregados. Assim, só faz sentido considerar o potencial da tecnologia para um futuro mais saudável, mais eficaz e especializado se a base da prestação de cuidados também for revolucionada. Tal implica libertar médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde de tarefas pouco diferenciadoras, permitindo-lhes concentrarem-se em ações com maior impacto. E é com grande satisfação que assinalo que a UpHill tem trilhado caminho para que isso aconteça.
Num blog post anterior, sublinhei a importância do mapeamento e implementação de jornadas de cuidados na reformulação das funções dos profissionais de saúde. O seu envolvimento na conceção e supervisão destas jornadas não só lhes permite identificar em que circunstâncias a tecnologia pode ser utilizada de forma optimizada, como também delegar tarefas de forma eficaz, garantindo uma atribuição mais eficiente de responsabilidades e um maior controlo sobre o processo de cuidados.
Por último, dados da McKinsey & Co. estimam que, globalmente, o setor possa empregar mais entre 50 e 85 milhões de pessoas até 2030.11 A tecnologia influenciará uma grande parte destas funções, criando novas profissões, como o virtual hospital manager, 3D printing surgeon, health data analysts, algorithm trainer ou lifestyle strategists.12, 13

4. Integração de apps preventivas para responder às novas expectativas em matéria de saúde e bem-estar

Lifestyle strategists? É exatamente o que parece.
Nos últimos anos, tem sido dada atenção progressivamente maior à prevenção. Esta mudança foi influenciada não só pela evolução das expectativas e dos comportamentos dos consumidores, criadas por indivíduos que dão prioridade ao bem-estar, mas também por uma sensibilização generalizada do impacto dos estilos de vida
  • Na Europa, as doenças crónicas consomem 80% da despesa global de saúde.14
  • A nível mundial, as causas evitáveis estão na origem de 80% das doenças cardíacas, dos acidentes vasculares cerebrais e da diabetes tipo 2 e de 40% dos cancros.14
  • 5% da população mais doente nos EUA é responsável por 50% da despesa total em saúde, enquanto 50% da população mais saudável consome apenas 3% dos recursos.14
  • Os cuidados médicos tradicionais são responsáveis por apenas 10-20% dos outcomes em saúde. A genética, os fatores sociais e comportamentais são responsáveis pelo resto.14
As apps desempenham um papel fundamental na satisfação das expectativas dos consumidores, na medida em que fornecem aconselhamento personalizado, monitorizam os indicadores de bem-estar, enviam avisos atempados para rastreios ou atos médicos e disponibilizam recursos educativos para promover a tomada de decisões informadas. Os consumidores estão a adotar estas aplicações parte integrante da vida quotidiana: atualmente, existem mais de 400 000 aplicações de saúde disponíveis em todo o mundo.15 É na China e na Índia que se encontram os utilizadores mais ávidos, seguidos da população australiana e americana. Até agora, na União Europeia apenas 22 a 40% da população é adepta.16
O aumento das aplicações preventivas não só satisfaz as exigências dos consumidores, mas também promove uma mudança cultural no sentido do bem-estar e do autocuidado. A facilidade de acesso a informações de saúde, associada a recomendações personalizadas, motiva as pessoas a adotar medidas proativas, quer se trate de manter a forma física, monitorizar hábitos alimentares, gerir o stress ou agendar check-ups de rotina.
No entanto, o que garante a portabilidade dos dados? A fragmentação persiste entre as apps, dificultando a comunicação e troca de dados, impedindo uma abordagem coesa e abrangente à gestão personalizada dos cuidados de saúde. 

5. Uma nova onde de fusões e aquisições

"A melhoria do custo de capital, o aumento da confiança das equipas de gestão na capacidade de previsão e a redução das diferenças de preços entre adquirentes e alvos propiciam um ambiente mais ativo de fusões e aquisições dos prestadores de cuidados de saúde em 2024".17 A previsão da Lazard Frères & Co. foi validada pelos últimos relatórios. O segundo trimestre de 2023 registou um aumento considerável no volume de fusões e aquisições de hospitais, atingindo o valor mais elevado desde o início de 2020, muito próximo da era pré-pandémica.18, 19
Esta tendência assinala uma viragem e um reavivar da consolidação e da reestruturação das entidades prestadoras de cuidados de saúde: as organizações procuram integrar os cuidados de saúde ao longo de todo o processo, aumentar o acesso dos doentes aos prestadores, formar parcerias mais fortes entre prestadores e aumentar a quota de mercado através da consolidação.
Embora a integração de prestadores de saúde crie organizações maiores e com maior liquidez financeira, estas transações não se traduzem necessariamente em melhores cuidados, nem tão pouco numa real integração de cuidados.20 Caso tal não aconteça, podem surgir uma grande variedade de problemas clínicos, operacionais e de responsabilidade legal, incluindo:20-24
  • Problemas de motivação e rotatividade das equipas devido a diferenças culturais após a fusão.
  • Inconsistência nas normas e procedimentos relativos aos processos clínicos e operacionais.
  • Elevado risco de provocar dano aos doentes devido a questões de qualidade.
  • Queixas e possíveis ações judiciais.
  • Ineficácia da gestão do risco e das iniciativas de melhoria da qualidade.
  • Documentação insuficiente e falhas de comunicação.

 Os territórios por desbravar e as questões que estão por resolver

  1. Tem a Inteligência Artificial real capacidade para se integrar nas instituições de saúde e garantir a fiabilidade necessária?

    As limitações apontadas à inteligência artificial são multifacetadas. Os algoritmos são manifestamente fracos no que diz respeito ao contexto e à particularidade – dois aspetos críticos para a segurança e eficácia dos cuidados de saúde, que requerem a transposição de conhecimento, conceitos e princípios médicos para contextos reais.25 Os profissionais de saúde reconhecem o potencial de ferramentas como o ChatGPT na prática clínica, com benefícios comprovados para a tomada de decisão, o suporte ao doente e à família e a investigação.26 No entanto, subsistem preocupações quanto à credibilidade e às fontes de informação, o que dificulta a sua plena integração. Além disso, a sensibilidade da IA a diferentes formulações de perguntas e a dificuldade em lidar com pedidos ambíguos colocam desafios. As imprecisões, os enviesamentos e as questões de transparência agravam ainda mais estas limitações.27

    Por último, mas não menos importante, um estudo recente28 salienta que os atuais parâmetros de referência da IA não têm relevância clínica direta e não abrangem tarefas essenciais associadas aos médicos, como a documentação de rotina e a gestão de dados dos doentes. Significa isto que os atuais parâmetros de referência não se alinham, como seria desejável, com os objetivos de automatização da inteligência artificial em contextos clínicos, enfatizando a necessidade urgente de desenvolver novos parâmetros que resolvam estas lacunas.
  2. Que limitações regulamentares subsistem?

    Os desafios regulamentares giram em torno da aplicação da IA na prática clínica, na medida em que enquanto os profissionais de saúde se regem por rigorosos códigos de ética e conduta, verifica-se a inexistência de leis ou orientações globalmente padronizadas para a utilização da IA. Assim, determinar a responsabilidade - quer seja do fabricante, do utilizador ou do responsável pela manutenção - constitui um obstáculo. A delimitação da responsabilidade de cada parte interessada permanece ambígua, especialmente em casos complexos, levantando questões sobre a distribuição justa da responsabilidade, em vez de colocar a totalidade dos riscos dos cuidados de saúde prestados com recurso a IA apenas nos médicos.29
  3. Os profissionais de saúde têm as competências necessárias para desempenhar as suas funções em constante evolução?

    Num contexto tecnológico em constante evolução, os profissionais são envolvidos numa mudança de paradigma, no que diz respeito à prestação de cuidados, que exige um vasto leque de novas competências. Além dos conhecimentos clínicos, a proficiência na utilização de ferramentas digitais e na análise de dados torna-se imperativa. Atualmente, a estes profissionais de saúde são exigidas competências para compreender e utilizar tecnologia inovadora, como a inteligência artificial, as plataformas de telemedicina e os sistemas de suporte à decisão baseados em dados. A adaptabilidade e a aprendizagem contínua impõem-se fundamentais, perante a evolução constante. Além disso, a comunicação eficaz no domínio digital e a capacidade de interpretar e aplicar conhecimento obtido a partir de vastos conjuntos de dados revelam-se competências essenciais nesta era tecnológica, permitindo que os profissionais de saúde prestem cuidados ótimos, tirando partido do potencial de inovações de ponta.
  4. Até quando vão as apps de saúde perpetuar a fragmentação dos cuidados?

    De acordo com o último estudo realizado pelo National Coordinator for Health Information Technology, apenas 22% das aplicações integradas nos registos de saúde eletrónicos (EHR) suportam Fast Healthcare Interoperability Resources (FHIR), o standard para a comunicação de dados entre sistemas de informação.30 Esta limitação, associada ao facto de os prestadores de cuidados de saúde utilizarem sistemas díspares, resulta na segregação dos dados dos doentes em silos isolados. Enquanto muitos hospitais estão agora a atingir níveis de maturidade digital mais elevados, as apps não

    Esta fragmentação prejudica a capacidade dos prestadores acederem e partilharem os registos individuais dos doentes e informações de saúde mais amplas, contribuindo para a fragmentação dos próprios cuidados e, consequentemente, potenciais erros, ineficiências operacionais e desafios na conceção de iniciativas de saúde abrangentes para as comunidades.
  5. Que modelos de pagamento facilitarão a transição dos hospitais para um sistema baseado no valor?

    Garantir a prestação dos cuidados mais adequados, nos locais apropriados no seio de uma estrutura composta por diversas unidades é fundamental. No entanto, para garantirem uma integração eficaz dos cuidados, os prestadores devem redefinir os serviços prestados em cada nível, racionalizando a contribuição de cada contexto para a organização como um todo. Tal estratégia exige a implementação de um novo modelo de pagamento, capaz de ultrapassar os sistemas baseados no volume, em que cada prestador, individual, tende a dar prioridade à maximização do volume de faturação.

    O pagamento baseado em pacotes para ciclos de cuidados constitui um método eficaz para alinhar os incentivos dos prestadores neste sentido. Denominado “bundled payments” este modelo encapsula todos os tratamentos e intervenções ao longo de todo um ciclo de cuidados e aporta benefícios para todas as partes interessadas. Os doentes recebem cuidados estruturados e eficientes para as suas necessidades; os prestadores garantem margens positivas ao tratarem eficazmente os doentes e obterem resultados favoráveis; os pagadores reduzem as despesas com tratamentos desnecessários e reforçam os cuidados primários e preventivos para segmentos populacionais distintos.

Referências

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Eduardo Freire Rodrigues

CEO & Co-founder

Eduardo is a Public Health specialist, CEO and co-founder of UpHill. He has a master's degree in medicine from NOVA University of Lisbon and a postgraduate degree in clinical research from Harvard University. He is also a visiting assistant in Digital Health at ISCTE and NOVA Medical School. Early on, he learned how to code at the age of 14 and became passionate about it since then.

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