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Digital Health

Abraçar a era da humanização na saúde

A 3ª edição do Spain Healthcare Innovation Summit reuniu representantes políticos, profissionais de saúde e investigadores, num esforço conjunto para revolucionar as práticas de saúde globais. Entre os convidados, Mariana Bandeira, Senior Account Executive na UpHill, abordou o papel da tecnologia na reformulação da relação médico-paciente num ecossistema patient-driven.

Mariana Bandeira

November 17, 2023 · 5 min de leitura

Transcrever registos clínicos por voz, prescrições sem papel, agendamentos automatizados, assistentes automáticos que monitorizam pacientes, ou até cirurgias assistidas por robôs, já não são ficção científica. Existem inúmeros exemplos de como a tecnologia redesenha a forma como os cuidados de saúde alcançam, interagem e tratam os cidadãos, numa relação cada vez mais contínua, proativa, próxima e segura.
Poder-se-ia dizer que patient-centered care é o caminho a seguir. Mas na UpHill preferimos pensar nos em patient-driven care. Porquê? Porque esta abordagem ultrapassa a ideia de colocar o paciente no centro das decisões de saúde e adaptar os serviços às suas necessidades únicas. Significa usar dinamicamente informação dos pacientes, em tempo real, para adaptar e refinar a jornadas de cuidados de cada indivíduo. Tal abordagem implica aproveitar ativamente e de forma segura os dados recebidos para ajustar continuamente e otimizar os seus cuidados, garantindo que cada passo do processo está alinhado precisamente com as suas necessidades, preferências e valores em evolução.
A boa notícia é que agora temos as ferramentas necessárias para o tornar realidade.

Empoderar as pessoas com uma jornada de cuidados personalizada...

As jornadas de cuidados desempenham um papel crucial na saúde, oferecendo um mapa estruturado que guia os cuidados dos pacientes. Padronizar as melhores práticas dentro destas jornadas de cuidados garante consistência e qualidade na prestação de cuidados de saúde, independentemente do local onde o paciente se encontra. Ao mapear o processo ideal para abordar determinadas condições, os prestadores têm oportunidade de simplificar os processos, reduzir erros e melhorar os outcomes.
Adicionalmente, as jornadas de cuidados promovem a coordenação entre vários níveis de cuidados e profissionais de saúde, preenchendo as lacunas que muitas vezes levam a abordagens desarticuladas, resultados subótimos e custos elevados. As jornadas de cuidados funcionam como um fio condutor que une os diferentes aspectos dos cuidados numa única narrativa. Facilitam transições suaves entre os diferentes contextos de cuidados, garantindo que todas as informações são partilhadas e as abordagens são executados de forma consistente.

... e aumentar a eficiência dos profissionais de saúde...

Se além do mapeamento da jornadas, existir um software de orquestração de cuidados baseado em clinical pathways, estamos perante o "melhor dos dois mundos": o conhecimento científico para definir processos e a tecnologia para os simplificar.
Os softwares de orquestração de cuidados combinam ferramentas de apoio à decisão clínica - fornecendo aos profissionais de saúde um guia em tempo real que garante a prestação de cuidados padronizada e baseada na melhor evidência científica - e capacidades de comunicação e automação - utilizando a automação para realizar tarefas administrativas ou repetitivas de forma a que os profissionais otimizem os seus esforços e se concentrem em tarefas diferenciadas e necessidades mais complexas.
A maior vantagem reside na capacidade de reduzir a fragmentação dos cuidados através de interações digitais resolutivas, através de um canal aberto para envolver, monitorizar e tratar os pacientes entre as interações padrão. Estes sistemas ajudam os profissionais de saúde a priorizar as ações e a atenção em doentes que necessitam de cuidados imediatos ou apoio acrescido. Através do acompanhamento permanente dos doentes, esta tecnologia permite uma visão longitudinal da jornada de cada paciente, promovendo uma abordagem proativa na prestação de cuidados de saúde, onde os cuidados personalizados são otimizados e os recursos são alocados eficazmente para quem mais precisa.

... através de tecnologia interoperável e robusta.

A interoperabilidade num software de orquestração de cuidados é crucial para otimizar a prestação de cuidados de saúde. A interoperabilidade, como o HL7, atua como o elemento conector, que viabiliza a comunicação e troca de dados contínua entre vários sistemas. Num cenário em que a informação está dispersa por diferentes plataformas, a interoperabilidade garante que os dados transitam facilmente entre os sistemas, fomentando a colaboração entre as equipas de saúde. Este quadro interoperável não só simplifica os processos, mas também melhora a precisão e a rapidez na tomada de decisões, resultando em cuidados melhorados. A interoperabilidade é fundamental para criar um ecossistema de saúde unificado e eficiente, onde a informação flui e a colaboração é contínua.

Que características são fundamentais para que um software de orquestração de cuidados promova patient-driven care?

Além do mapeamento das jornadas de cuidados, da integração de um sistema de suporte à decisão e da automação de ações, existem outras especificidades fundamentais a considerar na escolha de um software, nomeadamente:
  • Personalização: capacidade de criar jornadas individuais para os pacientes com base em clinical pathways predefinidos e baseados em evidência.
  • Monitorização remota e resolutiva: capacidade de monitorização remota e recolha de dados, por forma a evitar hospitalizações ou episódios de emergência.
  • Canais de comunicação bidirecionais: canais de comunicação abertos e bidirecionais, permitindo que os pacientes reportem sinais de deterioração e acedam a cuidados quando necessitam.
  • Incorporação automática de dados: capacidade de incorporar informações clínicas relevantes, PROMs e PREMs nos registos do doente sem sobrecarregar os profissionais de saúde.
  • Interpretação inteligente dos dados recolhidos: capacidade de recolher e interpretar dados para fornecer recomendações e progressão automatizada das jornadas dos doentes, aproveitando a interoperabilidade para desencadear a automação.
  • Integração e interoperabilidade: capacidade do se integrar de forma transparente com os sistemas existentes, como registos médicos eletrónicos, dispositivos médicos e canais de comunicação, através de capacidades robustas de interoperabilidade.
  • Simplicidade: proporcionar interações intuitivas e de baixo esforço para pacientes e profissionais, promovendo a adoção.
  • Conformidade: garantir a segurança dos dados e o cumprimento de normas como a ISO 27001.

Digitalização fortalecendo a humanização.

A transição para patient-driven care capacita os indivíduos para gerirem a sua saúde através de uma ligação digital que aproxima os pacientes dos seus cuidados, melhorando também os resultados.
Da mesma forma, a saúde digital equilibra os sistemas de saúde, aumentando a resolutividade do paciente, e, simultaneamente, minimizando a utilização de recursos. Além disso, reformula a relação médico-paciente numa ligação contínua facilitada digitalmente. À medida que os profissionais de saúde utilizam a tecnologia para realizar determinadas tarefas, tornam-se mais disponíveis para ouvir, pensar e tratar os seus pacientes, passando de executores a decisores e gestores.
Por fim, tal redefinição não diminui a humanidade na saúde. Antes pelo contrário: acentua-a. A tecnologia, especialmente a automação, permite aos profissionais de saúde se concentrarem no que realmente importa: os seus pacientes. Capacita-os a estabelecer conexões profundas, enfatizando a importância do paciente na narrativa da saúde.

Mariana Bandeira

Senior Account Executive

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